FAMÍLIA, BERÇO DE VIDA E FÉ
LUGAR DE CATEQUESE
Iluminados
Pela Palavra de Deus
Lucas 2,41-52
Estamos convencidos de que vivemos um tempo de mudanças, tempo decisivo para a Igreja e a família. Sabemos da necessidade de uma nova evangelização que responda aos anseios de um povo, que vive envolvido na luta, para construir uma família nova, para os novos tempos.
Para a Igreja, segundo Santo Domingo, a missão da família é viver, crescer e aperfeiçoar-se como comunidade de pessoas que se caracteriza pela unidade e pela indissolubilidade. “A família é o lugar privilegiado para a realização pessoal, junto com os seres amados” (SD 214)- SD: Santo Domingo 1992
O aperfeiçoamento da comunidade de pessoas se dá na compreensão de que a família é o berço de vida e fé. Nela, fortalece-se a convivência num espaço de encontro, de acolhida, de valorização e respeito entre as pessoas, de superação das fraquezas e limitações mútuas. A família é o espaço da alegria e da celebração, das novas conquistas e descobertas. É da família que brota a vida e ela se torna, por natureza e missão, guardiã da vida.
A família, fundada sob o matrimônio, é, por sua natureza, uma comunidade de vida e de amor e tem por missão guardá-Io, revelá-Io e comunicá-Io. Este amor vem de Deus, do qual os pais são chamados a colaborar como intérpretes, na transmissão da vida, na educação dos filhos e na construção de uma comunidade de vida e de fé. O amor que se partilha na família é sinal concreto de generosidade, acolhimento, respeito e doação. Somente na família, cada um é reconhecido, respeitado e amado como é.
A família é berço de vida e deve acompanhar todos os membros, durante toda a existência de cada um, desde o nascimento até a morte. Ela é verdadeiramente "o santuário da vida (...), o lugar onde a vida, dom de Deus, pode ser, convenientemente, acolhida e protegida, contra os múltiplos ataques a que está
exposta, e pode desenvolver- se, segundo as exigências de um crescimento humano autêntico. Por isso, o papel da família é determinante e insubstituível, na construção da cultura da vida (EV 92).
EV: João Paulo II, Carta encíclica Evangelium Vitae 1995
FAMÍLIA E A CONSTRUÇÃO DA FÉ
Assim como a família é o santuário da vida, é também o berço da fé. As atitudes da fé, vivenciadas e testemunhadas pelos pais, têm forte influência, no aprendizado das noções religiosas e na estruturação da vida na fé das crianças, adolescentes e jovens.
O Papa João Paulo II, em sua exortação apostólica "Catechesi Tradendae", lembra-nos que: "a educação para a fé, feita pelos pais - a começar desde a mais tenra idade das crianças - já se realiza, quando os membros de determinada família se ajudam uns aos outros a crescer na fé, graças ao próprio testemunho
de vida cristã, muitas vezes silencioso, mas perseverante, no desenrolar da vida de todos os dias, vivida segundo o Evangelho" (CT 68).
CT: Catechesi Tradendae 1979
O Diretório Nacional de Catequese aponta para a importância dos pais, na condução do processo de educação da fé: "Para a Igreja, os pais são os primeiros e principais responsáveis pela vida e pela educação de seus filhos; são os primeiros educadores da fé" (DGC 255; CDC 774 § 2; DNC 297).
DGC: Diretório Geral para catequese 1997
CDC: Código de Direito Canônico 1983
DNC: Diretório Nacional de Catequese 2002-2005
Para que a família assuma sua responsabilidade, é preciso que a catequese estimule a assumir seu papel. Por isso, a catequese precisa ser "acolhedora, criativa e encarnada, que dê esperança, que mostre como viver o amor, dentro da condição objetiva de cada pessoa" (DNC 296).
DNC: Diretório Nacional de Catequese 2002-2005
Mesmo com tantos desafios, a catequese acredita na família como ambiente propício para o desenvolvimento da fé cristã. Na família o processo de crescimento da fé brota da convivência, do clima familiar e do testemunho dos pais. É uma catequese mais vivencial do que sistemática. Os pais são “os primeiros mestres da fé”. (CR 121; DNC 299).
CR: Catequese Renovada 1983
DNC: Diretório Nacional de Catequese 2002-2005
Para que a família seja espaço da educação da fé, a Igreja precisa:
a) organizar uma adequada formação catequética com adultos;
b) acompanhar, com ações programadas, os jovens cristãos que se preparam para o matrimônio;
c) fazer parcerias com as pastorais e os movimentos que trabalham, junto às famílias, para que acompanhem e ajudem a superar as dificuldades das famílias, cujos filhos estão na catequese;
d) proporcionar às famílias uma experiência de Deus, ajudando-as a terem gosto pela oração e pela leitura orante da Bíblia, pela participação nos sacramentos, na vida da comunidade e na promoção da caridade;
e) criar comunidades, nas quais haja relações familiares de amizade, partilha, gratuidade e espaço de lazer, no qual se articulam a festa e a alegria, o compromisso e o prazer;
f) estimular os pais para que sejam seguidores de Jesus, com convicção, coerência e perseverança;
g) criar pontes entre as gerações, nas quais a sabedoria e a memória da fé dos idosos são levadas em conta;
h) acolher, com caridade, as famílias ou núcleos familiares de segunda união que buscam um sentido cristão para a vida;
i) realizar encontros de catequese na casa dos catequizandos, junto com os pais, tendo em vista experiências de catequese familiar, existentes no Brasil e no exterior, com bons resultados (DNC 300).
DNC: Diretório Nacional de Catequese 2002-2005
Se é pela vida e pela fé, que a missão da família faz dela lugar e espaço de catequese, podemos concluir que a catequese testemunhal dos pais contribui, e muito, na construção de uma fé sólida, madura e comprometida. Com o testemunho dos pais e a celebração da vida e da fé em família, os filhos poderão
dar passos em busca de Jesus e viver o verdadeiro amor fraterno, amor vivido e experimentado, num convívio familiar de discípulos e seguidores de Jesus.
PARA REFLETIR
- Como a catequese pode ajudar a família a ser espaço de construção da fé?
- Contar experiências, onde a família é parceira da catequese.
- Como tornar práticas as pistas apontadas pelo DNC nº. 300?
DNC: Diretório Nacional de Catequese 2002-2005
DECÁLOGO SOBRE A CATEQUESE
1. A comunidade cristã é o sujeito, o ambiente e a meta da Catequese. Família, Catequese e Paróquia, assumem, em comunhão, a responsabilidade por criar o ambiente, onde a fé de cada um possa crescer com o testemunho dos outros, esclarecer-se com a ajuda dos demais, celebrar-se em comum e manifestar-se a todos. Ninguém cresce sozinho e pelas suas mãos, como ninguém cresce na fé, sem a fé dos outros e sem a graça de Deus. É no testemunho vivido da fé, que a Catequese encontra a sua base de apoio!
2. A vida “em grupo” e entre os grupos de catequese, no seio da comunidade, é já uma experiência do ser e do viver em “Igreja”. O ambiente de participação ativa e de responsabilidade comum, por parte de todos, quer nas celebrações, quer no compromisso efetivo, nas várias obras, iniciativas e atividades da Paróquia, facilitarão a consciência de sermos “discípulos” de Jesus, numa “Igreja”, chamada a ser comunidade e família de irmãos!
3. Entre os vários modos e momentos de evangelização, a Catequese ocupa um lugar de destaque. Ela preocupa-se por anunciar a Boa Nova, àqueles que, de algum modo, já foram, ao menos, alguma vez, sensibilizados, seduzidos, ou tocados pela beleza da pessoa de Cristo. Espera-se que, de um modo organizado, esse primeiro anúncio, seja, a seu tempo e com largo tempo, esclarecido de boa mente, acolhido no coração, e que dê frutos de vida nova. E que essa vida nova seja expressa, partilhada e fortalecida, no encontro fiel da comunidade com Cristo Ressuscitado, na celebração dos sacramentos, particularmente da Eucaristia e da Reconciliação.
4. Na verdade, a vida cristã é um fato comunitário! E se alguém, por hipotética ocupação, não pudesse dispensar mais que uma hora, por semana, para “estar com o Senhor”, deveria reservar esse tempo, para a participação na Eucaristia Dominical, que é verdadeiramente o ponto de chegada, o ponto de encontro e o ponto de partida da vida e da missão da Igreja. A “catequese” não é “um à parte”, uma “hora” para a educação religiosa ou cívica, como se fizesse algum sentido preocupar-se por não faltar a um encontro de catequese e faltar, sem qualquer justificação, à celebração da Eucaristia e aos compromissos com a vida da comunidade.
5. A Catequese não é uma “aula” de religião ou de moral, nem se dirige somente à capacidade de aprender e de saber bonitas coisas acerca de Deus, acerca dos sete sacramentos, dos dez mandamentos, da Igreja, da vida eterna. A Catequese propõe uma Pessoa e não uma teoria: “Jesus Cristo é o Evangelho, a Boa Nova de Deus”. Nesse sentido, a catequese é evangelizadora, se levar os catequizandos à descoberta, à amizade e ao seguimento de Jesus. Sem essa adesão vital de coração, à Pessoa de Jesus Cristo, qualquer “Moral” se tornará um peso, em vez de se oferecer como um caminho de libertação.
6. Frequentar a Catequese, é bem mais do que “ir à doutrina”. A Catequese é uma “educação da fé” e da “fé” em todas as suas dimensões. O mero conhecimento da “doutrina” sem a celebração e sem a sua aplicação à vida, faria da fé uma bela teoria. A celebração, sem o conhecimento dos seus fundamentos, e desligada da prática da vida, tornar-se-ia, por sua vez, incompreensível e incoerente e até mesmo “alienante”. Todavia, uma fé, proposta e transmitida, que não se aprofunde na experiência da oração, jamais conduzirá a uma relação pessoal com Deus. Ora a fé, pela sua própria natureza, implica ser conhecida, celebrada, vivida e feita oração. Só assim se “segue” verdadeiramente Cristo, com toda a alma e de corpo inteiro!
7. A fé, no contexto em que vivemos, é talvez, mais uma «proposta» de sentido para a vida, do que um mero ato cultural de “transmissão”. ninguém propõe O que desconhece, nem dá O que não tem. Mas quem tem fé, e a vive, não pode deixar de a “apegar” aos outros e de a propagar a todos. Na educação da fé, tem papel decisivo o “testemunho” e o “entusiasmo” de todos aqueles que, na comunidade, se tornam portadores e servidores da alegria do Evangelho. Uma fé que não se apega, apaga-se!
8. Mais do que se preocuparem, porque não sabem o que responder aos filhos… os pais deveriam procurar “descobrir com os filhos” a Boa nova que eles receberam na Catequese, “rezar com eles”, participar com eles na celebração da Eucaristia. Então as respostas, serão encontradas na vida comum da fé, partilhada em família e em comunidade. Nada disto impede os próprios pais, de procurar integrar um grupo de Catequese, paralela à dos filhos, que os ajude a aprofundar as razões da sua fé, em relação com a cultura e com as responsabilidade sociais, familiares e eclesiais, que assumem diariamente.
9. Pedir a Catequese para os filhos e pôr-se “de fora”, em tudo o que se refere à vivência e à celebração da fé, cria uma “divisão” interior, uma vida dupla, que impede, quem quer que seja, de descobrir e construir a sua própria identidade cristã. Frequentar a Catequese não significa “ter uma aula” por semana, para garantir um diploma, uma festa ou um sacramento no fim do ano. Pedir a Catequese implica comprometer-se a caminhar com toda a comunidade, no anúncio feliz do Deus vivo e na experiência maravilhosa do encontro com Ele.
10. Não faz parte das tarefas da Catequese ocupar os tempos livres, ensinar regras de boa educação ou esgotar o tempo a “decorar” as fórmulas das orações comuns dos cristãos. Mesmo esperando que todo o ambiente de Catequese seja educativo e que tais orações sejam assumidas e bem compreendidas, são tarefas da catequese iniciar as crianças e adolescentes no conhecimento da fé (que se resume no Credo), na celebração (dos sacramentos), na vivência (atitudes de vida) e na experiência pessoal da fé (oração). E isso é obra de todos nós, que somos, mais uma vez, “convocados pela fé”.
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